Reza a lenda da economia moderna, que shoppings são a “MECA' do consumo, e as franquias o porto seguro dos que sem muita experiência na área, se aventuram como se quase fossem portadores de um seguro contra o insucesso. Mas na prática não é bem assim! Muitas armadilhas se escondem nos contratos com os shoppings e com as franquias. Contratos perigosos até para quem já é do ramo. Imaginem para um marinheiro de primeira viagem. Na franquia, esse marinheiro de primeira viagem costuma ser literalmente convencido que eles (a franquia) são “deuses” que desceram do OLIMPO para com toda sabedoria que possuem, dar a você a honra de trabalhar com a marca, pagar royalties, publicidade, receber o que eles bem entendem, como produto de verão no inverno e vice-versa, começar a enviar a coleção nova antes de você entrar em liquidação,ser obrigado a comprar muito mais do que tem condições de vender, e assim por diante. Como bem disse um amigo da área: Na maioria das vezes, abrir uma franquia é como fazer filho em mulher alheia.E o que é pior: O dinheiro acaba saindo, e muito, do nosso Estado.Sem falar do que nem sempre retorna para o bolso do franqueado.Esse “ser” animado e desavisado.
Já tive o desprazer de ouvir de um franqueador que o dono de um a franquia é um gerente de luxo. Claro que existem exceções. Eu mesmo tenho entre as que trabalho exemplos dos mais diversos. Mas, na sua grande maioria, tirando as de alimentação, onde o número de franquias que valem a pena é considerável, em outros segmentos a história exige muito cuidado.Afinal como franqueado você fica a mercê dos IMPOSTOS que muitas vezes já inviabiliza seu negócio, da FRANQUIA da qual você é na verdade um gerente com todas as responsabilidades, muitas despesas e pouco lucro, e o Shopping que cada vez mais está mudando de perfil e de donos. É sempre muito importante ouvir lojistas, franqueados, e ex franqueados, antes de se entusiasmar muito. Se tratando de franquias, o caminho certo é confirmar se a marca possui o “Selo de Excelência”. É importantíssimo checar as pendências jurídicas do franqueador, e se a franquia é de fora do País o cuidado deve ser redobrado.
Se há vinte anos por ocasião da inauguração do Shopping Campo Grande a filosofia era de PARCEIROS, hoje na grande maioria, tirando as grandes redes que conseguem se fazer respeitar, impera o “EU MANDO E VOCÊS OBEDECEM”, se não quiserem sofrer retaliações. Parceiros são alguns, por tempo que para eles interessar. E cada vez menos alguém interessa. Afinal tem sempre outro alguém achando que vai ganhar rios de dinheiro naquele shopping cheinho de gente passeando... passeando.
Empresas americanas estão vindo para o Brasil com muito dinheiro e investindo na compra de shoppings. Tem gente construindo só para vender para eles. E quem conhece, sabe como eles trabalham. O quesito “Parceria “é trocado pela política do lucro a qualquer custo. Para garantir o lucro a curto prazo, vale tudo. Muitas vezes chegando a comprometer a segurança do empreendimento, a funcionalidade, a limpeza, e tantos itens básicos. O importante é o lucro que os funcionários precisam apresentar aos senhores feudais, bater as cotas, e manter o empreendimento lucrativo a qualquer preço e a todo instante.
Os contratos são de grande importância, pois muitas vezes você começa com uma administração, que ao ser trocada, pode ter seu negócio inviabilizado. Temos exemplo bem de perto de uma excelente franquia que ao ter sua administração mudada teve todo um excelente trabalho jogado fora. Seu lugar no ranking do segmento desceu de quarto para décimo quarto em apenas um ano. Pergunto: Como fica aquele franqueado animadíssimo que gastou fortuna em construção da loja, treinamento de pessoal, compra de produtos, etc, etc?
Existe nos shoppings uma política de pressão por franquias, que muitos acreditam ser para valorização maior dos mesmos, e outros que preferem apostar numa comunhão e grande parceria entre franquias e shoppings. Afinal as grandes redes de franquia se encontram em grandes redes de shopping, e isso permite ainda mais, um controle total do lojista franqueado. Os shoppings costumam facilitar e pressionar pela entrada de uma franquia. Fazem de tudo para ter a marca que a eles interessa. Você como lojista fica duplamente vulnerável. Na mão da franquia e do shopping. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Portanto dobre o joelho, e ore.
Campo Grande tem mais um, ou melhor, dois graves problemas para quem é do ramo comercial. O primeiro se chama Pedro Juan Caballero, divisa com Ponta Porã. O que é comercializado lá inviabiliza qualquer tentativa aqui. Já tivemos quatro lojas fechadas porque o produto que comercializávamos conseguia por obra do Espírito Santo e dos loucos impostos custarem 30% menos que a empresa comprava da autorizada no Brasil. Como concorrer? E o Estado que tanto nos fiscaliza não está nem aí para o que acontece. O segundo problema são as sacoleiras. Não pagando impostos, funcionários, aluguel, ou gasto de qualquer espécie, elas já inviabilizaram o ramo de produtos de lingerie, bijuterias, e até roupa feminina. Tudo que conseguem transportar sem grande volume, essa grande massa que está fazendo o papel dela para sobreviver, vai transformar os shoppings em lugares repletos de lojas masculinas e de sapatos, além das grandes redes.
São tempos de muitas mudanças, para quem acha que entrar no ramo é coisa para qualquer pessoa sem formação. Pode acabar tendo um prejuízo danado. Como disse um conhecido meu: Resolvi largar tudo e estudar para concurso. Tá certo ele. Afinal, a grande maioria dos jovens brasileiros já chegou a essa conclusão. Rapidinho, rapidinho! Só que num país que só sabe inchar a maquina estatal, vai faltar gente para “carregar o piano”. Como já disse um especialista: Já estão faltando empreendedores e verdadeiros lojistas. É obvio!
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