sábado, 18 de junho de 2011
Shopping 19 de junho de 2011
NÃO É POR AÍ!!!
Nesta semana na página de articulistas do Correio do Estado li um artigo sobre a liberação da maconha. O autor, com formação acadêmica foi dando sua opinião sobre o assunto onde se misturaram com razão, política, economia e coisas mais. Só tive que discordar quando ele resolveu passar a sua “receita” para acabar com o problema de drogas.
“Diagnosticou” que “CARPIR”, de preferência na zona rural, seria o remédio certo. Depois disso deixei de ler o artigo. Afinal quem tem uma pequena noção do problema das drogas jamais falaria ou escreveria isso. Se carpir fosse a solução seria muito fácil. Mas, infelizmente não é. É tudo muito complexo e individual. Nada que “CARPIR” resolva.
Sabemos que 14% da população mundial já nasce com tendências compulsivas. Essas pessoas não poderiam jamais experimentar drogas, álcool, jogo, e até comida e compras. A facilidade com que se tornam dependentes e passam a usar em excesso qualquer uma ou várias dessas drogas fazem parte desse problema. Elas realmente não conseguem se controlar. Não que não queiram. Não conseguem. Infelizmente.
Com as drogas a situação é terrível, pois tem sempre alguém de tocaia querendo um “cliente” novo. E a gente sabe como eles agem. No começo dão a droga para o adolescente de graça. Com o Crack e o Oxi na maioria das vezes apenas duas ou três usadas são suficientes para viciar. Enquanto a mãe trabalha o dia inteiro para manter os filhos, o pai ( na grande maioria) já se mandou e está fazendo filhos em outra. É difícil resistir ao chamado do dinheiro fácil e da “glamorização “da droga. Eles passam então a servir de aviãozinho para manter o vício. E quando pertencem a família de pouca renda eles logo não estarão vendendo o suficiente para manter o vício e passarão a dever ao “fornecedor”. Essas mortes de jovens de periferia têm, na maioria das vezes, como motivo, dívidas com traficantes. E eles não perdoam. Matam por ninharia, para manter os dependentes assustados. É quando assustados, eles começam a roubar para pagar os traficantes e acabam então mortos em acertos de contas, ou pela polícia.
Uma mãe sem condições financeiras, com um filho viciado, experimenta todos os dias a maior DOR que um ser humano pode experimentar. É viver com a sensação que a qualquer hora seu filho, que do seu ventre saiu e que tanto ama, pode estar morto por uma overdose, ou pelas balas de um traficante ou da polícia. Portanto quando chega a esse ponto não acredito que “CARPIR” resolva. O Estado que não teve capacidade de dar segurança, capacitação, educação, não dará nem caixão.
É muito difícil a recuperação desses pobres viciados. Faz-se necessária muita verba, (que normalmente é desviada e mal empregada) e muita gente abnegada e cheia de boas intenções. Pode até começar assim. Mas sempre surge alguém querendo aparecer ou levar vantagens com a situação. Sai governo e entra governo e não vejo vontade política de enfrentar o problema. Quem sabe se rendesse mais votos a atitude seria outra. E de onde se tirou a idéia que não precisamos de leitos para cuidar desses doentes? Mesmo que fossem “CARPIR” depois, eles precisariam primeiro serem desintoxicados. E em que lugar da Constituição Brasileira se diz que tal doença não merece cuidados? Quem pode ser o senhor da vida e da morte? Torno a repetir: CARPIR” não resolve.Como o assunto é muito complexo, claro que um ou outro poderá praticar atividades que incluíam trabalho físico.Mas repito: cada caso é um caso. O que serve para um não resolve a dor do outro. São pessoas doentes e como tal devem ser tratados. Mas quem os trata? Suas figuras de aparência carcomida causam medo, e todos nós instintivamente procuramos nos afastar. Apesar de termos muita pena, em certas ocasiões o medo fala mais alto.
Mesmo em lares abastados a luta é muito difícil. A família que consegue permanecer unida diante desse problema já é um grande ponto a favor. Por mais que os outros filhos sejam maravilhosos, os pais sejam dedicados, é difícil chegar ao ponto que desencadeou a procura do “escape” das drogas. É tudo tão difícil que a família também precisa de tratamento. E nada de ter vergonha. Hoje em dia são poucas as famílias que não tem alguém com esse problema. E enfiar a cabeça no buraco nada resolve. É uma doença. E como tal deve ser tratada. Fingir que nada está acontecendo só aumenta o problema, e adiar é pior ainda. Quanto mais cedo se encarar a verdade e com amor e firmeza enfrentar, melhor. Sem preconceito, com firmeza, mas sem perder a ternura e o amor. É difícil, mas é o caminho.
Como sei que não existe vontade, decisão, compaixão, e interesse por esses seres infelizmente já comprometidos, peço a nossos homens públicos que se sensibilizem e procurem daqui pra frente pensar em proporcionar, principalmente aos jovens das periferias, quadras de esportes, vida escolar rica em atividades, cursos profissionalizantes, atividades artísticas, enfim... Tudo que os possa fazer ter uma vida interessante e plena, para não cair tão fácil nas armadilhas das drogas. Se o adolescente tiver um lugar no seu bairro e na sua escola, que possa praticar esportes, participar de campeonatos constantes, realizar concursos de música, teatro, canto, ele se sentirá parte de uma sociedade que o valoriza e se preocupa com sua formação.
Quanto a liberação ou não da maconha, creio que nenhuma das hipóteses escolhidas mudará muita coisa. Esse mundo das drogas é tudo muito complexo, tal como a economia. Talvez a “loucura” por impostos faça até essa lei passar. Mas a turma estará pensando em IMPOSTOS. Não acredito em mudança nenhuma liberando ou não a maconha. Isso é conversa fiada e me faz lembrar aqueles planos econômicos das décadas de 80 e 90, que faziam muito barulho e não resolviam nada. Até que Fernando Henrique implantou o Plano Real. Na época tive muitas restrições, mas tenho certeza que se as privatizações fossem hoje a coisa seria muito pior. Na política parece que temos que fazer concessões para as coisas andarem. Não deve ser uma posição confortável. É necessário um estomago e um fígado especial para se ir para a política. Claro, os homens de bem. Quanto a aumentar o uso não acredito. Posso estar errada. Mas muito do “charme” da maconha está no proibido. Será que aumentará seu uso comprar e pedir nota fiscal? Uma coisa tenho certeza: Não é por aí!