sábado, 2 de junho de 2012

Tempos Difíceis

Nesses muitos anos de comércio eu nunca tinha visto nada igual. Isso tem mil explicações. E não se trata de como dizem alguns de mais concorrência. A concorrência vem sendo proporcional ao crescimento populacional. Na verdade não tínhamos determinados objetos de consumo imensamente desejados que passaram a ser prioridade de consumo. É o caso de toda telefonia móvel, os computadores, tablets, iPad, iPhone etc., etc. Isso se tornou para os jovens, e para alguns não tão jovens, imprescindível. Não basta ter um. Tem que possuir vários e nunca ficar sem o último modelo. Essa foi a maior concorrência que “arrumamos”. Sem volta. Interferindo até nas relações pessoais. É símbolo de status e sua venda é imensa. Acredito que somos um dos primeiros do mundo em número de celulares.

Como se isso não bastasse, vieram os planos mirabolantes de viagens, e os carros facilitados. Afinal quem consegue resistir a tantas ofertas?Continuo interrogando... Por que tanta preferência pelas montadoras de veículos? Será que o comércio como um todo não dá milhões de empregos a mais que elas? Naturalmente as Pequenas Empresas não são doadoras de campanhas... E são tantas essas Empresas por esse nosso imenso país. E claro, desunidas. E cada um por si. Sem representantes e sem “financiamento”.

Não acostumado a dinheiro fácil e barato, o brasileiro caiu na farra. Esqueceu que o cartão de crédito tem os juros mais caros do planeta, e que juntar tantas prestações, pode comprometer o orçamento familiar. E a coisa ficou feia. E nós pobres comerciantes mortais que não gozamos de prestígio da realeza do “consumo” ficamos chupando o dedo. Incrível também a inadimplência.

Juntando isso à carga tributária vergonhosa e campeã do mundo, ao lado dos juros também campões, que pode dar? Claro nesse sufoco absurdo que vem passando o comércio. Uma Empresa que paga imposto na entrada e na saída da mercadoria, como pode sobreviver? Você paga sem saber se vai vender, se vai ser roubado, ou precisar baixar muito o preço para desencalhar o produto. E não importa se o Simples foi criado para facilitar a vida do pequeno empresário. Manda-se e pronto. E continua se pagando bitributação. Isso sem falar do absurdo preço da nossa energia, que torna a conta de luz impagável, pois na maioria das vezes é a maior despesa fixa.

As classes mais favorecidas continuam viajando e gastando lá fora. Chegam contando maravilhas dos preços de lá. E o pequeno empresário se sente duplamente injustiçado. Injustiçado pelo Custo Brasil, que inviabiliza seu trabalho. E revoltado por passar a imagem de estar esfolando seus clientes com os preços que são obrigados a cobrar.

Dependendo do lugar que atuam seus empreendimentos, o custo fixo está inviabilizando muita gente boa, que há anos possui comércio. Só mesmo banqueiro para aguentar esse tranco. Não é por acaso que nossas marcas estão TODAS sendo compradas por eles. No governo Lula os banqueiros passaram da conta. Agora vai ser difícil reverter esse quadro. Leio matérias em defesa deles e chego a dar risada. Pobres coitadinhos tendo lucros absurdos todos os anos. Com o dinheiro e poder que possuem... Afinal quem tem “OURO” e “PODER” domina o mundo. E quem tem isso leva com facilidade a razão pra seu lado.E posa de “santinho”

Acredito estarmos vivendo um momento especial. A classe política brasileira desacreditada está diante de uma CPI das mais perigosas. Deixar passar como pizza ou marmelada pode inviabilizar o país. Não dá para crescer sem moral, sem justiça, sem saúde, sem educação, e sem vergonha. Tomara que nossos representantes entendam isso.

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