sábado, 19 de fevereiro de 2011

Voltando a falar da Cidade Cemitério

Determinados assuntos dizem muito de perto ao leitor. Foi o caso do texto da semana passada, onde disse do absurdo de se acabar com o carnaval de Campo Grande. Foi incrível o número de pessoas que veio se solidarizar com o que escrevi. Afinal nossa capital não tem tradição, não tem cultura, não tem folclore. Não tem festa de São João, de São Pedro. Não tem festivais, não tem carnaval. Não têm beira de rio, nem praia, nem montanha. É (infelizmente) uma cidade sem identidade, e o pouco que tinha, vem sendo progressivamente enterrada pelos nossos homens públicos, que parecem não ter sensibilidade cultural, nem espírito público. Quais são as festas da cidade? Quem vem para cá (turistas) para assistir ou festejar? Para movimentar a cidade? Para trazer divisas? Nem pensando que venderemos mais, e pagaremos mais impostos acharcantes que tanto valorizam não se sensibilizam? Já nem falamos em valorizar a Cultura, porque acredito que isso seria pedir demais. Nem pão, nem circo. Impostos sem diversão. Falta alegria.


Campo Grande já foi chamada de “parada de diligência”, pelo fato de muitos virem para cá e não se comprometerem culturalmente com a região. Continuam ligados a suas origens, moram na cidade apenas por interesse de negócios ou empregos, e é só aparecer a ocasião (feriados e festas)para voltarem ou irem comemorar longe daqui. Pergunto: Por que deveriam ficar aqui nessa capital que cada vez mais se transforma em Cidade Cemitério? Se já estava boquiaberta com o que vem acontecendo, depois de ouvir tantos leitores indignados estou muito mais. Poucas vezes vi tanta gente se manifestando... Muita gente se dizendo decepcionada.

Manifestando-se por e-mail, a leitora Georgina Matos da Cruz Fonseca, tão bem expressou o que ouvi e recebi de dezenas de leitores: “Sou carioca e estou morando em CG há dois anos e oito meses. Viemos para cá em busca de novos horizontes. Costumo dizer ao meu marido que essa cidade parece uma cidade fantasma "dos mortos vivos", não consigo ver alegria no rosto das pessoas, parecem sempre que estão mal humoradas, ou com o nariz muito em pé. No Rio de Janeiro, com todas as dificuldades que o carioca enfrenta no seu dia a dia, temos uma alegria contagiante, não importando muito para o problema que estamos passando. E para minha surpresa, você disse tudo que eu gostaria de dizer na sua coluna com o título: CIDADE CEMITÉRIO, você não sabe a repercussão que isto está dando nos bate papos com os amigos.”

Um comentário:

  1. Prezada Marisa:

    Estou visitando o seu blog pela primeira vez e gostei muito porque aqui você demonstra seu conteúdo cultural e qualidade de observação que são partes de sua riqueza humana e assim também eu pude desfrutar desse seu talento para narrar situações que nesse caso não podemos ficar quietos. Outra coisa que me irritou em relação ao trabalho desse prefeito quando passei pela avenida que vai ao aeroporto de Campo Grande, eu vi como o descaso com o dinheiro público é feito nos trabalhos de moldagem de meio-fio na avenida que vai ao aeroporto, tudo está torto, vi que várias bocas-de-lobo estavam sendo refeitas e outras destruídas pelo tráfego, meio-fios quebrados após um carro da empresa de engenharia passou por cima deles o que condiz com a cor do cimento, quase areia, o que significa cimento de baixa qualidade. As calçadas são uma ofensa pelo faz-de-conta que elas são calçadas, tudo material de terceira categoria para uma obra que é a porta de entrada da maioria dos visitantes que chegam à cidade. Enquanto isso em vários estados os meio-fios são feitos em moldes, com concreto usinado e são instalados secos e servem de base para o nivelamento do asfalto. Além disso, eles têm cantos arredondados para evitar mortes por traumatismo craniano a motociclistas, ciclistas e pedestres envolvidos em acidentes de trânsito. Enquanto em Campo Grande, os meio-fios moldados por aquelas formas estranhas e rudimentares, deixam os meio-fios como lâminas de cortar canelas ou cabeças.

    Campo Grande é uma cidade feita com muito mal gosto porque a população tem medo da sofisticação verdadeira e pensa que modernidade é fazer um muro alto e construir casas quase coladas às outras e meter uma garagem à porta da sala para todos verem os carros que possui, e embora haja tanta extensão, os ricos são forçados a morar em terrenos mais estreitos do que os pobres por causa da mesquinharia aplicada à urbanização da cidade o que gera enchentes agora... isso assusta! Campo Grande é uma cidade de visão de gente rudimentar que parece não sair da sombra da mangueira com os pés sobre o chão vermelho e quando você mostra uma saída, você é chamado de provinciano que na cabeça deles é paulista, mas provinciano é gente que não aceita coisas melhores de fora. O campograndense e o sul-matogrossense são provincianos e xenófobos, eles têm medo das coisas grandes e belas de fora... O instinto bicho-do-mato ainda persiste no sangue do povo daqui.

    A população de Campo Grande não deve ter vergonha no ato de exigir respeito e valorização e isso já é um sinal positivo. Parabéns a todos!


    Saudações cordiais,

    Cristiano Arruda
    Campo Grande, MS.

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